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Valor Econômico: Inaceres vê demanda aquecida e recuperação



Atrapalhados pelo clima adverso, os planos da Inaceres de expandir produçãoo e vendas de palmitos cultivados no país voltaram a ganhar fôlego em 2010. A aquisição de novas fazendas, o aniversário de 40 anos de uma de suas marcas e a demanda doméstica aquecida, inclusive em canais até agora pouco tradicionais, animaram a companhia a novamente projetar forte aumento em seu faturamento, para um nível almejado desde 2008.

Ricardo Araujo Ribeiral, diretor-superintendente da Inaceres, diz que o objetivo é produzir 6,7 milhões de hastes de pupunha este ano, 24% mais que em 2009 (5,4 milhões). Se a meta for alcançada, o faturamento da companhia deverá somar R$ 28 milhões. Nessa frente, o incremento em relação ao ano passado seria de quase 70%, mas por causa da “ajuda” dos estoques, que fecharam 2009 em 85 mil caixas. Em tempo: pupunha é o fruto da pupunheira, palmeira originária da floresta amazônica.

Joint venture entre a brasileira Agroceres e a equatoriana – subsidiária do grupo Pronaca, do setor de alimentos no Equador, com mais de 100 mil funcionários e faturamento anual superior a US$ 400 milhões -, a Inaceres concentra a produção na Bahia. Foi no sul do Estado que a empresa, fundada em 2001, fincou as bases produtivas, a partir de aportes de R$ 35 milhões até 2007. E é ali que a expansão continua. Em 2008, a Inaceres comprou sua terceira fazenda, em Olivença, com 80 hectares para o cultivo de palmito; em 2009, foi adquirida em Uruçuca a quarta fazenda, com 40 hectares úteis.

A quarta fazenda fica a 18 quilómetros da fábrica da Inaceres, também localizada em Uruçuca. Já a nova fazenda de Olivença, onde já está a propriedade mais estratégica da empresa, com 300 hectares, situa-se a 30 quilómetros da fábrica. A companhia também conta com uma propriedade em Una, com 430 hectares úteis, e trabalha com dezenas de produtores integrados na Bahia. Entre 2008 e 2009, os investimentos da Inaceres em fazendas, manejo e pesquisas somaram cerca de R$ 3 milhões, de acordo com Ribeiral.

Com a expansão, a capacidade da empresa já alcança 11,4 milhões de hastes por ano, ainda que a produção prevista para 2010 seja de 5,4 milhões de hastes – abaixo das 5,7 milhões de 2007, último bom ano antes dos problemas climáticos. Assim, afirma Ribeiral, é hora de parar com aquisições e esperar o mercado crescer, no país e no exterior. Pesquisa realizada pela Quantas no fim de 2008 apontou que 64% dos brasileiros compram palmito. Não é pouco, mas há espaço para avanços, principalmente para o produto cultivado.

De acordo com informações da Inaceres, 90% da demanda doméstica é pelo palmito extrativo, enquanto nas exportações o produto é representa 10%. A variedade jussara, de grande popularidade, é escassa e hoje mesmo muitos de seus clientes fiéis, como as churrascarias paulistanas, já começaram a substituir o produto extrativo pelo cultivado.

Se deve parar com as aquisições de fazendas por um período, a Inaceres pretende acelerar pesquisas em busca de mais produtividade e investimentos em marketing, frentes nas quais os aportes da empresa deverão somar cerca de R$ 700 mil em 2010, de acordo com Ribeiral.

No campo dos experimentos, que envolve seleção de sementes para diminuir a variabilidade e garantir alongamento e maciez à planta, entre outras vantagens, também chama a atenção o avanço do adensamento, comuns nos pomares de laranja e que vêm ganhando fora nas lavouras de algodão do Estado de Mato Grosso.

Na fazenda de 300 hectares de Olivença, a Inaceres já cultiva 11 mil plantas por hectare e mantém áreas de pesquisa com 14 mil plantas, ante média de 5 mil a 5,5 mil em plantações da região Sudeste. Com integrados no sul da Bahia, o adensamento chega a 7,2 mil plantas por hectare.

No marketing, o foco estará no aniversário de 40 anos da marca Gini, que abraça uma das quatro principais linhas da companhia.

Como as empresas do segmento não têm grande capilaridade, não existe uma marca de palmito presente em todo o país. No caso da Inaceres, cerca de 90% do volume de venda ainda se concentra na região Sudeste, mas a empresa está de olho no crescente mercado do Nordeste.

Por: Fernando Lopes.

Fonte: www.valoronline.com.br